segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sou Feliz Sozinho - Capa da Isto É.



Fui convidado pela revista para uma entrevista relacionada a este tema que foi capa da edição da última revista Isto É, em virtude de desencontros e outros compromissos, não foi possível que acontecesse tal entrevista, porém fiquei com o assunto na cabeça e gostaria de usar o meu espaço para manifestar minha opinião. A solidão como todos os comportamentos pode ser normal ou pode ser caracterizada como patológica; no caso da solidão como sintoma, podemos vê-lo desde a esquizofrenia a depressão, passando pelo pânico , pelo transtorno obsessivo compulsivo e etc... Porém no caso da revista, este comportamento é tratado pelo viés da normalidade, minha colocação, quanto a este comportamento não foge muito aquilo que foi colocado pelos excelentes profissionais que foram entrevistados na matéria; A conjuntura da sociedade pós-moderna nos empurra para uma postura cada vez mais individualista, aonde as relações sociais são cada vez mais fragilizadas e com o avanço da internet, a tendência é que este comportamento seja o mais comum entre os sere-humanos, questiono apenas se esta "normalização" viria sem um importante sofrimento, que parece não ser descrito na matéria, não vejo a humanidade, como uma espécie que tennha uma tendência ao isolamento, acho que este comportamento se dá em virtude de interesses  de estruturas globais maiores, que historicamente levaram a atual posição da sociedade perante ao mundo, e das suas características como sociedade de consumo. Diria que tendemos a este "isolamento" para que possamos parecer menos ameaçadores aos interesses políticos globais, e diria que o aumento do número de pessoas que adotem este comportamento, é inversamente proporcional a uma possível ameaça de mudança da conjuntura atual. Interessante salientar que a maioria dos dados da matéria são dados americanos, que é a "sociedade-marca" desta realidade. Gostaria de fechar minha leitura sobre esta matéria com um trecho do Livro, De Pernas Pro Ar, de Eduardo Galeano: " OS experts sabem transformar mercadorias em passes de mágica contra solidão. As coisas têm atributos humanos, acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfurme te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da sociedade o mais lucrativo dos mercados. Os dolorosos vazios do peito são preenchidos com coisas ou com o sonho de possuí-las. E as coisas não se limitam a abraçar: elas também podem ser símbolos da ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas das sociedades de classes,chaves que abrem portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multiudinário."

Rodrigo Nogueira Borghi é Diretor Clínico do Mental Medical Barra.

Um comentário:

Delayne Brasil disse...

Acabo de descobrir o seu ótimo Blog. É um serviço de utilidade pública, de responsabilidade profissional e social. Um instrumental, teórico e prático, para ato de amor solidário. Um esperança vívida e concreta em um mundo de pernas para o ar. Parabéns.
Com os meus agradecimentos de leitora.